Os avanços do agronegócio na produção de combustíveis no campo

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         Dilceu Sperafico*

         Pode parecer fantasia ou sonho irreal, mas chegará o dia em que produtores rurais brasileiros não necessitarão mais adquirir, a preços cada vez maiores, combustíveis e lubrificantes derivados do petróleo, para movimentar suas máquinas e veículos, como tratores, colheitadeiras, pulverizadores, caminhões e automóveis. Com isso, estarão livres de custos como do óleo diesel consumido por tratores, caminhões e colhedeiras, um dos insumos que mais pesam na planilha de custos de agricultores brasileiros, chegando a atingir 30% dos gastos nas diferentes etapas da safra.

Além dos custos de extração, transporte marítimo, destilação, transporte rodoviário, distribuição e comercialização do óleo diesel e outros derivados do petróleo, a guerra da Ucrânia e Rússia e as instabilidades do mercado de combustíveis fósseis, só têm elevado os preços desses produtos essenciais ao sistema produtivo. Tanto que produtores mais experientes lembram que pela primeira vez em suas vidas pagaram pelo diesel preços mais elevados do que os da gasolina. Por isso, mesmo que ainda poucos, já existem produtores rurais brasileiros que se tornaram independentes em relação ao consumo e custos do óleo diesel e gasolina.

Para isso, em sua maioria, decidiram aproveitar dejetos de suínos, frangos e bovinos para produzir biogás e gerar energia elétrica, evoluindo em seguida para técnica de aproveitar o gás, passando o produto por mais um estágio de transformação e agregação de valor, com a separação do metano. Assim o biometano passou a ser utilizado como combustível de tratores, colheitadeiras, caminhões e veículos de passeio, com motores potentes, que além de consumirem combustível muito mais barato, reduzem a emissão de poluentes em até 80%, na comparação com o motor padrão a diesel.

         Além da redução de custos, destacam-se os benefícios ambientais do uso do biometano, pois permite o aproveitamento de passivo de excrementos de animais, para produzir adubo orgânico e sequestrar gás de efeito estufa, cujo resultado econômico é altamente positivo. Começando pela possibilidade de obtenção de créditos de descarbonização, que empresas distribuidoras são obrigadas a adquirir para compensar a poluição de combustíveis fósseis, mas também na comparação financeira do custo de biometano e óleo diesel, com economia de cerca de 90% do preço do insumo tradicional.

         Segundo especialistas, o preço do litro de óleo diesel e do metro cúbico do gás (GNV), na bomba, se equivalem, mas devido à redução do consumo dos motores movidos a biometano, a vantagem chega a 40%, sem considerar o benefício de sua produção própria. Assim, o preço do gás produzido na propriedade rural fica em apenas um real o metro cúbico. Com isso, a vantagem econômica passa a ser de 90% e o biometano se torna três vezes mais vantajoso em termos de economia do que o próprio biogás, utilizado na geração de energia elétrica.

         Os motores de tratores, caminhões e veículos de passeio movidos a biometano têm protótipos em testes no País há seis anos e para viabilizar a inovação tecnológica, o produtor rural tem de implantar o seu próprio posto de combustível. No caso, estação compacta de purificação e compressão do gás natural desenvolvida em parceria com fabricantes de veículos e empresas especializadas na instalação de biodigestores, com purificação do biogás e desenvolvimento de motores movidos por biometano.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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