Em coletiva de imprensa: Forças policiais detalham buscas por 4 desaparecidos em Icaraíma

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Uma entrevista coletiva que aconteceu em Umuarama para esclarecer como estão os trabalhos de buscas por quatro homens desaparecidos em Icaraíma. Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma, e os paulistas Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso estão desaparecidos desde a última terça-feira (5). Os três indivíduos de São Paulo foram para Icaraíma para fazer uma cobrança de dívidas e os indícios apontam que podem ter sido vítimas de homicídio.

Equipes da Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros trabalham incessantemente em busca dos quatro homens e também de informações. A força-tarefa conta com apoio de aeronaves, embarcações e de cães de faro especializados. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) está empregando todo efetivo e equipamentos necessários para a realização dos trabalhos.

A coletiva aconteceu por volta das 17h desta segunda-feira (11) no auditório da 7ª Subdivisão de Polícia Civil (7ª SDP) de Umuarama. O delegado-chefe da 7ª SDP, Gabriel Menezes, o delegado de Icaraíma, Thiago Andrade Inácio, o comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar (25º BPM), Major Gimenez e o comandante da 1ª Companhia do Corpo de Bombeiros, Major Cézar Perdoncini, repassaram informações sobre o trabalho das equipes. A Polícia Civil (PCPR) trabalha com a hipótese de homicídio.

Nesta segunda está ocorrendo o quinto dia de buscas. A princípio, Alencar contratou os três homens do estado de São Paulo para cobrar uma dívida. Os devedores e principais suspeitos são Antônio Buscariollo, 66 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, 22 anos. Eles estão foragidos desde a decretação de suas prisões preventivas na sexta-feira (8).

Atuação da Polícia Militar

De acordo com o major Gimenez, as equipes da PM iniciaram as buscas na terça-feira assim que tomaram conhecimento do sumiço dos quatro homens. O comandante disse que a todo momento a PM recebe informações, que são checadas e também repassadas para a PCPR.

“Colocamos toda a estrutura nesse trabalho, com os efetivos de Icaraíma e Umuarama e com o apoio de aeronaves. Além disso, o serviço reservado recebe informações constantemente e estamos checando. Inclusive, a situação de sábado (9), que resultou na apreensão de uma arma”, informou.

Trabalho do Corpo de Bombeiros

O major Perdoncini explicou como está a atuação do Corpo de Bombeiros, que iniciou os trabalhos na quinta-feira (7) e nesta segunda está completando 5 dias de buscas. Conforme o comandante, são empregados cães de faro e a equipe aquática, com uso de um sonar. Um dos cães de faro, de Cianorte, detectou o odor de Alencar na última semana no pesqueiro da família Buscariollo. Na sequência acionaram o binômio (cão de faro e bombeiro) de Londrina e Curitiba.

Com relação às buscas aquáticas, uma equipe de Curitiba está presente e utilizando um sonar para esquadrinhar os rios Paraná e Ivaí, em áreas indicadas pela Polícia Civil.

Não temos confirmação de área exata do rio e nem se eles estão no rio, seja veículo ou pessoas, esse equipamento trazido de Curitiba é um diferencial e nos dá segurança”, explicou.

Os bombeiros, com sonar, percorreram 130 km de rio, entre o Porto Camargo e Herculândia. Além disso, esquadrinhou as áreas das balsas de Herculândia e de Porto Novo. Somente em Porto Novo a busca aquática rodou por 160 mil metros quadrados.

Polícia Civil coordena as buscas pelos desaparecidos

O delegado-chefe Gabriel Menezes disse que as investigações começaram na quarta-feira (6), quando a PCPR recebeu informações dos quatro desaparecidos. A partir de então, a Polícia Civil passou a construir o itinerário dessas pessoas e descobriu que o indivíduo de Icaraíma (Alencar) contratou os três homens de São Paulo (Diego, Rafael e Robishley) para cobrar uma dívida que a família Buscariollo tinha com Alencar.

De acordo com o delegado-chefe, o negócio de fato existiu e o que a PCPR tem de concreto até agora é que o valor seria de R$ 250 mil. “Esse valor é o valor da propriedade que foi escriturada. Essa propriedade chegou a ser transferida para um membro da família, em 5 de agosto de 2024, e isso está registrado em cartório. E não houve o pagamento do valor acordado”, informa Menezes.

Por este motivo Alencar contratou os três indivíduos do Estado de São Paulo para cobrar. Eles foram na segunda fazer a cobrança e entraram em contato com os devedores. Em seguida, voltaram na terça-feira para um segundo contato e, depois disso, a família deles não conseguiu manter mais contato. Por isso, os quatro foram dados como desaparecidos.

Menezes acrescentou que os familiares dos cobradores não conseguem passar informações específicas sobre o negócio. Apenas dados genéricos que viriam ao Paraná cobrar uma dívida de um negócio.

Início das investigações

O delegado de Icaraíma, Thiago Andrade Inácio, disse que familiares de Alencar procuraram a Delegacia para informar que ele tinha desaparecido na terça-feira de meio-dia. No decorrer das investigações tomou conhecimento de que os cobradores paulistas também tinham desaparecido.

A Delegacia de Icaraíma passou o caso para a 7ª SDP e solicitou apoio para a PM e o Corpo de Bombeiros. Desde então, todos os locais possíveis foram checados, assim como os rios. Thiago esclareceu que as buscas continuam e que a principal linha de investigação é de homicídio.

Menezes complementou explicando que todo contexto indica para homicídio, pois os homens são desaparecidos há vários dias e não houve um contato para pedido de resgate. Além disso, a cobrança de dívida indica animosidade e conflito.

A respeito de informações extraoficiais sobre um segundo filho de Antônio Buscariollo envolvido, que inclusive seria integrante de uma facção, e que os corpos estariam no Paraguai, Menezes falou que, dentro da dinâmica de que nada pode ser descartado, isso é possível. Entretanto, ele afirmou que não há nada concreto nesse sentido e que é muito provável que o crime tenha acontecido em Vila Rica do Ivaí e não em outra localidade. Pois ali foi onde perdeu-se o contato.

Além disso, a PCPR não tem a direção para onde teriam ido e nem onde está o veículo. Logo que a PCPR toma conhecimento do desaparecimento, Antônio e Paulo foram ouvidos e eles afirmaram que o negócio nem foi com eles, mas sim com outros dois integrantes da família. E esses outros dois familiares não foram localizados pela polícia.

Análise de materiais coletados e pedidos de novos dados

A PCPR tem utilizado dados de telefonia celular para tentar encontrar localizações. Conforme o delegado Thiago já foram colhidas muitas informações e agora a Polícia Civil vai organizar todo esse material e fazer os pedidos judiciais.

Conforme o delegado-chefe da 7ª SDP, a PCPR está implementando medidas cautelares para adquirir dados telemáticos, ou seja, informações telefônicas e informáticas. Bem como, relatos recebidos de denúncias anônimas. “Isso vai um gerar volume de dados que precisa ser analisado nos próximos dias. Somente após análise desse material é que teremos condições de, possivelmente, passar direcionamentos para novas buscas”, informou.

O chefe regional da PCPR também disse que a análise de material de uma câmera de monitoramento localizada na entrada do pesqueiro está sendo feita.

Perfil dos cobradores paulistas

Menezes explicou que, em conversa com familiares dos três paulistas, a Polícia Civil soube que eles trabalham com cobranças de dívidas. A princípio, o trio faz esse serviço há 13 anos.

“Através de contato com pessoas conhecidas, eles buscam aquelas dívidas que não tem mais expectativa de recebimento e fazem, nas palavras da família, uma pressão sobre aqueles devedores para que eles façam o pagamento. Mas eles são taxativos no sentido de que ao longo desses 13 anos nunca houve emprego de violência por esses indivíduos”, disse o delegado-chefe.

Ele acrescentou: “Os três têm até algumas conduções para a Delegacia, fruto de desentendimentos no momento dessas cobranças, mas nunca uma prisão por porte de arma de fogo, por ter agredido alguém, ou seja, a família relata que de fato é um serviço, uma cobrança de dívida, algo não convencional, mas nunca acompanhado de violência, de arma de fogo. Até o momento foram esses esclarecimentos que conseguimos dos familiares”.

Negociação da propriedade rural

A respeito do negócio envolvendo a propriedade rural, o delegado Thiago conversou com familiares de Alencar. Eles explicaram que a família Buscariollo negociou a propriedade rural com Alencar, que vendeu por R$ 250 mil, em 10 notas promissórias de R$ 25 mil cada.

Dentro das investigações, a PCPR descobriu que não houve pagamento de nenhuma promissória. Sendo assim, o valor que Alencar estaria cobrando é de R$ 250 mil.

Buscas por desaparecidos prosseguem

A força-tarefa terá prosseguimento. “Todos os locais que a PCPR identificou com possíveis vestígios, de que os desaparecidos tivessem passado por lá, foram averiguados pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Civil de Militar. No momento não há novos pontos a serem verificados, mas todos estão de prontidão para se deslocar assim que forem identificados novos pontos”, disse o delegado Thiago.

O comandante da 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros esclareceu que as equipes estão à disposição e aguardando orientações da polícia civil. Além disso, o efetivo permanecerá em Umuarama e o barco fica em Porto Camargo. “Todos próximos e no máximo há 60 minutos de chegar para fazer novas buscas”, disse o Major Perdoncini.

Polícia não descarta novos mandados de prisão

Por fim, o delegado-chefe informou que, até o momento, a PCPR solicitou à Justiça as ordens de prisão temporárias de Antônio e Paulo Buscariollo. No entanto, as forças de segurança buscam elementos para embasar novos pedidos para solicitar ordens judiciais para outras pessoas que possam ser suspeitas.

Matéria produzida por Jaqueline Mocellin – Fonte: OBemdito

Vídeo produzido pela Polícia Civil de Umuarama.  

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